A sementeira do feijão frade
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- 7 de Junho, 2021
A preparação do solo e consequente sementeira é uma das etapas mais importantes na instalação da cultura do feijão frade.
No projeto LeguCon os nossos agricultores participativos já andam “a todo o vapor” dedicados à instalação da cultura do feijão frade. Sim, nós sabemos, já é um pouco tarde para as sementeiras de feijão! Mas as chuvas e a temperatura do solo não nos permitiram começar antes.
Os nossos agricultores participativos
A nossa agricultora participativa Joana Correia, de 31 anos, representa a Quinta de São João, localizada em Penafiel, que está neste momento a produzir feijão frade Clérigo com o apoio do nosso parceiro A Sementeira. Esta exploração agrícola funciona há mais de 20 anos em modo de produção biológico e juntou-se ao LeguCon por acreditar que “a colaboração entre a ciência e a agricultura pode dar muitos frutos”. Atualmente, a produção de feijão frade nesta quinta está nas primeiras fases de desenvolvimento vegetativo pelo que exige uma monitorização frequente para atuar de forma preventiva.
Também o nosso agricultor Nuno Oliveira, de 39 anos, que representa a Quinta do Verdelho- Agricultura Biológica, localizada em Guimarães, está a produzir feijão frade Clérigo com o apoio do nosso parceiro A Sementeira. O Nuno juntou-se a nós por acreditar que as leguminosas possuem um papel fundamental na saúde do solo, preservação da biodiversidade e como fonte alternativa de proteína para a alimentação humana. Esta quinta instalou esta cultura em finais do mês de abril e atualmente está em pleno desenvolvimento vegetativo.
O Tiago Mathys, de 33 anos, possui uma exploração agrícola em Amarante. A sua quinta – A Quinta de Esteriz, dedica parte da sua área produtiva à viticultura e floresta e pretende através do LeguCon, diversificar as culturas produzidas. Por isso, introduziu o feijão frade Clérigo, com o apoio do nosso parceiro Nutriprado. Nesse sentido, é objetivo do Tiago adquirir conhecimentos sobre novas culturas, nomeadamente sobre leguminosas.
O feijão frade Clérigo, cultivar rasteira, é caracterizado por possuir vagens planas de cor verde e grãos de cor branca. É uma variedade muito vigorosa utilizada para consumo em seco. Esta variedade tem uma boa capacidade de armazenamento e conservação e caracteriza-se por ser resistente a pragas e doenças como ácaros, gorgulho, lagarta das folhas, mosca branca, antracnose e ferrugem.
Agora que já conhecem melhor os nossos agricultores participativos assim como a variedade de feijão frade que estão a produzir nos seus terrenos, queremos mostrar-vos alguns dos aspetos mais importantes da instalação da cultura para o arranque da nossa experiência.
A preparação do solo, antes de instalar uma cultura, é fundamental para o sucesso do seu crescimento e desenvolvimento. Este processo permite melhorar as propriedades físicas do solo, controlar infestantes, preparar a “cama da semente” e incorporação, cobertura ou movimentação de materiais no solo.
O sistema de preparação depende de alguns fatores, tais como, a necessidade de mobilização, que contribui para o melhoramento da estrutura e composição do solo; ou o sistema cultural adotado, que impacta principalmente na forma como as plantas são associadas no terreno e as técnicas agrícolas adotadas. São vários os benefícios da preparação do solo e por isso destacamos os principais: promoção da reserva de água e nutrientes, favorecimento da germinação das sementes, promoção da sanidade da cultura, proporciona uma boa drenagem do solo e também permite uma uniformização das partículas constituintes do solo.
Aquando da preparação do solo, os nossos agricultores participativos tiveram especial atenção à preservação da estrutura edáfica do solo e foi realizada a gradagem do solo antes da sementeira (se possível devem ser feitas duas gradagens cruzadas).
O compasso de sementeira é um dos pontos mais importantes a ter em conta no momento da instalação da cultura. Para a variedade Clérigo, a escolhida para os nossos ensaios, são recomendadas uma distância entre plantas de 50 cm e uma distância entre linhas de 50 – 100 cm. A maioria dos nossos agricultores participativos utilizou espaçamentos de entre linhas inferiores a 70 cm (de forma a reduzir as sachas e/ou aplicação de herbicidas) e uma profundidade da sementeira de 3 a 5 cm.
Neste momento, os nossos agricultores participativos já possuem a cultura em pleno desenvolvimento vegetativo. O desenvolvimento vegetativo da cultura compreende as fases de germinação, emergência, emissão de folhas primárias e o desenvolvimento de folhas compostas (trifoliadas). Especialmente a partir da emissão de folhas simples e compostas, a cultura do feijão frade começa a ficar suscetível ao aparecimento de pragas sugadoras e desfolhadoras. Uma vez que a Quinta do Verdelho e a Quinta de São João são quintas em modo de produção biológico, vamos ter especial atenção a este fator, para que seja conduzida uma proteção das culturas que respeite este modo de produção agrícola.
Embora o feijão frade seja uma cultura adaptada a solos pobres e secos é importante garantir que, especialmente nas fases iniciais da cultura, as plantas não ficam sujeitas a períodos contínuos de stress hídrico dado que pode ser muito prejudicial.
Continue a acompanhar os desenvolvimentos dos nossos ensaios aqui no nosso site, facebook ou instagram! Queremos partilhar as diferentes fases de crescimento das culturas, bem como os maiores desafios que os nossos agricultores participativos encontrarem no decorrer do ensaio. Existem produtores de feijão frade a acompanhar-nos? Como estão as vossas culturas? 😊